Porque pintar unha apenas de vermelho quando há tanto por onde escolher?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um micro-conto por mês

Meninas,
estou participando de (mais) um blog, o que nem sempre me deixa tempo para escrever nos meus... um erro clássico!
Para fazer parte deste blog Oficina das Mãos pensei num formato engraçado e que constitui um desafio de escrita criativa para mim e um tanto diferente, original, para quem lê: A cada mês publicarei um pequeno micro-conto inédito e uma mani alusiva à narrativa. Na minha primeira participação, as cores não poderiam ser outras que as do blog e minhas favoritinhas verde e azul, e apesar de não serem as tonalidades exactas do layout do Oficina, eram os novos na fila com vontade de saltarem para serem experimentados - Quadrado e Rectângulo da nova colecção Forma em Cor da Colorama. Brincando com as formas nada geométricas do voo alado da borboleta azul desse blog lindo, escolhi este tema para inventaricar o micro-conto que hoje aqui reproduzo.
por Ana Martins © 

Allie, a borboleta irreverente, queria ter brilhantes pintinhas em azul e verde, queria crescer com brilho holográfico quando adejasse sob o sol – já na sua crisálida materna era o seu desejo. Mas quis a mãe natureza e seus genes que fosse apenas azul. Allie mirava sua irmã Zoe, a borboleta acomodada, esvoaçando fosca, trajada de verde lima sobre o rectângulo verde intenso do relvado. Sabia-se mais vistosa, mas nada era suficiente no reino vegetativo do campo a que não dava a menor bola, queria porque queria um manto holográfico que a cobrisse de brilho e a cada movimento captasse todo o espectro resplandecente do arco-íris. Almejava que o clamor do aplauso fosse para si, não para um qualquer time que se apresentasse no relvado. Não compreendia como Zoe se sentia feliz adejando sem parar quase desaparecendo sobre a vegetação, sem destaque, colorido ou luminosidade. Contudo, amava-a.
Um dia aventurou-se e voou para fora do limite quadrado que sua pequena vida tinha, e entrou no portal de uma tribo discobóllica.
Depois de esvoaçaricar dia e noite embriagada sob tanta holografaricagem, uma noite mais taciturna voltou no rectângulo verde e procurou sua irmã. Incitou Zoe para a acompanhar, contando-lhe de suas aventuras, sensações e emoções. E sim, confessando-lhe por fim que tanto brilho sem a doce companhia de sua amada Zoe, jamais seria uma comoção plena, que desejara muito que o mesmo véu de felicidade holográfica as abraçasse, mas que principalmente voassem juntas para a eternidade. Zoe sorriu e revelou não sentir o anelo de exposição vital como sua irmã, mas como toda a saudade que sentira de Allie, isso sim, a corroía. Abraçaram-se enternecidas e juntas partiram adejaricando rumo a um novo portal.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...