Porque pintar unha apenas de vermelho quando há tanto por onde escolher?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Chá das cinco

Para o micro-conto deste mês, proponho-me brincar com o som das palavras quase-poema, quase-história infantil: e se os nossos dedos tivessem vida própria? funcionassem por cores? como seriam os seus? achei este um bom tom para inventaricar um micro-conto esmaltístico!! Espero que gostem desta aventura meio-doida com um irreverente toque de criatividade na ponta dos dedos :-)
por Ana Martins ©

Não pareciam filhas da mesma mão, cada uma com sua personalidade, com sua atitude, com sua cor. A caguenta média-altaneira, sempre de nariz no ar, era snob, era arrogante, a mais velha, irritante de petulante. Contrastava com a sua doce irmã aneleira-casamenteira, a que ruborizaricava romanticamente a cada desafecto caguilento da média-altaneira.
Sem brincadeira, mas sempre salva pela pispineta e pigmentada indicadoreira, bafejando na linda corneta azulejadada de brilhante defendedeira. Ousava gritar sem levantar o tom de sua razão.
Tinha em contraposição o nu azedume da polegarezeta, desvalida em cor e presença, sombra rastejante oponível à sincera frontalidade da indicadoreira, era incessantemente avinagrada, na opinião e no trato. Já a gótica caçula mindindinhozinha rejubilava em plena alegria enquanto aplainava as constantes guerrilhas das irmãs. Saltitava harmoniosamente entre as discrepantes pessoalidades, dos atinos aos fornicoques ousados, e bastava a todas uma pequena passagem de poção mágica da maninha gótica com alma de grilo-falante para logo reaverem a cadência ritmada da estabilidade manuseável a cada novo chá das cinco.


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